quarta-feira, 8 de junho de 2011





Conheço um vagabundo de olhos perdidos
e sei que ele
não teme a vida,
a morte ou os perigos


Em suas mãos côncavas de pão,
não sente a esmola
e seu braço estendido tem o
abrir do perdão



Não sei por onde anda
 com sua veste longa e branca,
 mas por onde passa há algo que se despedaça,
 sem sentir a ameaça de sua voz pura e franca



Quando regressa
traz um suave vagar que cheira a semente e a lírio a desabrochar,
 é dele o verde do campo, a voz do mar, a brisa do vento na seara a mondar



Há nele o sol morno,
a quietude de uma virtude que não ouso explicar...



Só vejo que a tempestade se amansa,
e até a serpente descansa quando o sentem chegar...



Ele traz consigo o livro mais antigo,
o selo mais sagrado,
e junto ao peito traz a cruz do Homem torturado.



Se o encontrares não temas seus passos,
nem rompas seus laços,
o vagabundo é um Amigo

Poema de Ana P. Pinto

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