Conheço um vagabundo de olhos perdidos
e sei que ele
não teme a vida,
a morte ou os perigos
Em suas mãos côncavas de pão,
não sente a esmola
e seu braço estendido tem o
abrir do perdão
Não sei por onde anda
com sua veste longa e branca,
mas por onde passa há algo que se despedaça,
sem sentir a ameaça de sua voz pura e franca
Quando regressa
traz um suave vagar que cheira a semente e a lírio a desabrochar,
é dele o verde do campo, a voz do mar, a brisa do vento na seara a mondar
Há nele o sol morno,
a quietude de uma virtude que não ouso explicar...
Só vejo que a tempestade se amansa,
e até a serpente descansa quando o sentem chegar...
Ele traz consigo o livro mais antigo,
o selo mais sagrado,
e junto ao peito traz a cruz do Homem torturado.
Se o encontrares não temas seus passos,
nem rompas seus laços,
o vagabundo é um Amigo
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